Quando decidi que queria aprender marketing digital não fazia ideia de onde me estava a meter. Para ser sincera não tinha noção da dimensão deste mundo e na minha ingenuidade de iniciante, achei que seria mais fácil de começar.  Mas uma das coisas que já fazia antes era ler revistas como a Marketeer e portanto, quando vi que iria haver uma conferência promovida por eles, inscrevi-me logo. Aqui podem ler um resumo da 13ª conferência Marketeer, de tema “Quanto valem os influenciadores?”.

Porque decidi ir à conferência Marketeer?

Quando ouvi falar da Conferência da Marketeer, que este ano teria o tema “Quanto valem os influenciadores?” fiz logo a minha inscrição, ainda nem tinham sido anunciados os oradores. A Marketeer A Marketeer é uma revista sobre marketing, negócios, estratégia e comunicação muito conceituada e o evento era gratuito. Não podia ficar de fora. E ainda bem que me inscrevi logo porque o evento esgotou! Esgotou tanto que havia pessoas sentadas nas escadas.

13ª Conferência Marketeer: os oradores 

Os paineis estavam recheados de gente super interessante. Para terem noção, o evento contou com talks do CEO da SamyRoad, Francisco Véstia, Mónica Serrano da L’Oréal, A Maria Vaidosa, Miguel Raposo da Fullsix, Rui Maria Pego e, no final, ainda houve tempo para um “Duelo de Titãs” entre A Pipoca mais doce e Miguel Sousa Tavares. Muitos outros nomes ficaram de fora, mas já lá vamos. A conferência foi tão interessante que tem que ser partilhada. 

O resumo

O ideal seria assistir à conferência, o que talvez venha a ser possível. O evento foi todo filmado, mas até ao momento ainda não foi disponibilizado nenhum vídeo. Não sei se será, mas talvez acabem por partilhar, nem que seja só partes dos discursos. 

Mas bem, de uma forma muito resumida, e após as boas vindas do Ricardo Florêncio, CEO do Multipublicações Media Group e do Presidente da Câmara Municipal de Cascais, Carlos Carreiras, subiu ao palco Francisco Véstia, CEO da SamyRoad. Nunca tinha ouvido falar desta empresa, mas basicamente é uma plataforma que faz o match entre empresas e influenciadores. Fazia todo o sentido estar no evento, dado o tema. E o que trouxe para a discussão foi exatamente o poder que os influenciadores têm hoje em dia e que a tendência é para haver crescimento. Para ilustrar o poder dos influenciadores digitais, o Francisco pegou no exemplo da trend VSCO Girl e de como esta “moda” originou milhares de dolares em compras. 

Logo a seguir, entrou Ricardo Monteiro da Fjord Portugal, analisado as principais tendências deste ano relativamente ao digital, algumas bem “perturbadoras”, tal como a tecnologia de face swapping. Ao todo são sete, e o melhor é perder um bocadinho para analisar cada uma delas. Estão todas disponíveis online no site da empresa. 

Os 3 casos

Mafalda Sampaio na 13ª Conferência Marketeer

Mafalda Sampaio na 13ª Conferência Marketeer

Entretanto, a proposta era analisar três casos diferentes: 

  • L’Oréal
  • A Maria Vaidosa
  •  EDP 

As duas primeiras como sendo empresas que trabalham com influenciadores e A Maria Vaidosa como sendo ela própria, a Mafalda Sampaio, uma influenciadora digital de sucesso em Portugal. A Mónica da L’Oreál mostrou que no setor da beleza é comum a colaboração com influenciadores, de facto, dados de 2017 mostram que 78% das marcas de beleza fazem este tipo de parcerias. Explicou, também, que tem que haver um match entre os valores da empresa e do influenciador até porque a autenticidade é tudo e é isso que o consumidor procura, cada vez mais. 

A Mafalda Sampaio, A Maria Vaidosa em pessoa, contou a sua história. Explicou um pouco o seu percurso e o tipo de conteúdo que partilha. Frisou que prefere trabalhar com menos marcas mas ter parcerias a longo prazo do que fazer campanhas únicas. Acredita que com uma colaboração a longo prazo com marcas que realmente acredita e com as quais se identifica consegue-se realmente criar valor e partilhar conteúdos autênticos. 

A Inês Lima, diretora de Redes Digitais da EDP, deu a conhecer a estratégia da EDP ao nível das redes sociais dos outros setores a que está associada, como festivais de música e eventos de desporto. É aqui, com estas marcas que mais colabora com influenciadores, não só macro mas também com muitos micro influenciadores. Para além destes, ainda recorrem a embaixadores , termo aplicado a uma colaboração mais duradoura com algum influenciador, como o caso da Isabel Silva na área do desporto. A Isabel tem liberdade para criar conteúdos enquanto embaixadora e estes conteúdos, por serem genuínos, têm muito impacto junto do público-alvo. 

A mesa redonda

Um evento que se preze tem uma mesa redonda. E esta teve direito ao serviço de café por astronauta da Delta Q (true story). Quem estava nesta mesa? Miguel Raposo da Fullsix, Tiago Froufe da Luvin e Bons Rapazes, Rita Tomé Duarte da Delta Q, Rui Maria Pêgo da Rádio Comercial e Inês Drummond Borges, da Worten. 

Mesa redonda na 13ª Conferência Marketeer

Mesa redonda na 13ª Conferência Marketeer

A Rita, da Delta Q, explicou que no caso da empresa onde trabalha, os influenciadores são usados “em produtos com um target muito bem definido” e para “conseguir chegar às pessoas porque hoje em dia há demasiada informação e é difícil captar a atenção das pessoas”. 

Já a Inês, da Worten, disse que “os influenciadores valem consoante o alcance deles” e que a “capacidade de influência resulta da multiplicação de três coisas: reach, credibility e engagement”. Na relação comercial que se estabelece entre influenciador e marca, Inês Drummond acredita que a marca pode e deve dar conteúdo ao influenciador, como forma de enriquecer a história a ser contada. 

O Miguel, da Fullsix concorda, mas chama a atenção de que “tem que se ser o mais genuíno e autêntico possível”. Ou como disse Rui Maria Pêgo, “tudo o que é ligeiramente fake não funciona”. Esta ideia de autenticidade foi muito debatida e enfatizada como sendo mais que essencial. Como disse Rui Maria Pêgo, essa é a única forma de acrescentar valor no meio de “tanto ruído”. 

Frente a frente: Porquê e porque não?

Esta parte, conforme diz o título foi um frente a frente, ou deveria ter sido. Catarina Tomaz da Vila Outlets e Inês Veloso, da Randstad propuseram-se a discutir as colaborações com os influenciadores. Se seriam vantajosas, ou não e em que casos. Catarina do lado do sim, Inês do lado do não. Porém, honestamente este frente a frente ficou muito a desejar. Basicamente a Inês Veloso mostrou que no setor dela não fazia sentido utilizar porque trabalha com ofertas de emprego e não é um produto que “encaixe” na audiência de um influenciador e a Catarina mostrou que já fizeram muitas colaborações com o objetivo de acrescentar valor. Esperava mais do lado do não, das vantagens já todos nós ouvimos falar. 

Catarina Tomas e Inês Veloso no Frente a Frente na 13ª Conferência Marketeer

Catarina Tomas e Inês Veloso no Frente a Frente na 13ª Conferência Marketeer

Adiante….

Chegámos ao ponto alto: o Duelo de Titãs. Foi um verdadeiro duelo entre Ana Garcia Martins, a Pipoca Mais Doce e Miguel Sousa Tavares, o conhecido comentador. A moderar estava Pedro Pinto, subdirector de informação da TVI que merece nota 20 pelo seu desempenho. Com muito tato e com algum humor à mistura, o Pedro conseguiu extrair o melhor e o pior de ambos os convidados. Começou logo por picar a Ana pelo “atraso” a subir ao palco, dizendo: “eu achava que o digital chegava sempre primeiro”! E assim, de uma forma tão simples, a audiência já estava ganha. Foi um momento super enriquecedor e ao mesmo tempo divertido. Vamos lá explicar do que foi falado. 

De um lado tínhamos a Ana, a rainha do digital, como eu gosto de lhe chamar. A Pipoca Mais Doce é o blog com mais sucesso em Portugal e a Ana é a pioneira nesta área dos influenciadores. Por outro lado, o Miguel ficou preso no século passado e não compreende que interesse tem as pessoas partilharem tudo e mais alguma coisa nas redes sociais. 

Quando questionada sobre o valor do influenciador, a Ana explicou que depende dele (do influenciador) e de quanto a marca quer investir. Sobre se esta seria uma moda ou não, Ana referiu que esta é uma realidade muito recente: “a publicidade entrou há uns oito anos na minha vida e eu tenho o blog há 15 anos”. 

Do outro lado da balança, Miguel Sousa Tavares, jornalista e comentador referiu que estava “demasiado ocupado a viver para fazer essas coisas”. Além disso, e dirigindo-se à Pipoca, afirmou que as pessoas não vão à procura de cultura nas redes sociais, mas sim para saber da vida da Ana e de onde é que ela comprou os sapatos. Rematou dizendo “não partilho a minha vida privada e isso faz de mim uma pessoa mais livre”.

Ana Garcia Martins defendeu-se dizendo que cada um faz o seu percurso e cada um sabe que trabalho quer fazer no digital. E que sim, há uma saturação de conteúdos idênticos e sem nada de valor.  Explicou que no caso dela, procura envolver as pessoas em causas importantes e rematou, referindo que deve sim haver regulamentação nesta questão das parcerias com marcas, porque “as pessoas percebem quando é um conteúdo pago”. 

Valeu totalmente a pena

Sim, o resumo é este, para mim pelo menos. Valeu totalmente a pena as horas indecentes a que acordei para estar no Estoril às 9h00 da manhã. Valeu o trânsito, o atraso da conferência e o almoço às 15h00. Foi um evento em grande, onde pudemos ouvir casos práticos e conhecer as caras por detrás do marketing de algumas das maiores empresas presentes em Portugal. 

Venham mais eventos do género, parabéns Marketeer. E obrigado!